Eu continuo a dizer que poucos filmes realmente me fizeram chegar às lágrimas (Cinema Paradiso; Noivo Neurótico, Noiva Nervosa; Juventude; Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças; etc.) e agora posso afirmar que mais um entrou nesta diminuta lista: HANAMI - CEREJEIRAS EM FLOR.
No filme, apenas a esposa Trudi sabe que seu marido Rudi está doente e que em poucos meses ele irá morrer. Decidida a ficar junto com ele nestes últimos dias de vida, Trudi, sem contar esta triste notícia ao seu marido, decide levar Rudi para visitar os filhos e netos em Berlim, porém estes estão ocupados demais com suas vidas, não se importando com a visita dos pais.
Em sua segunda viagem, desta vez ao Mar Báltico, Trudi falece repentinamente, deixando o marido sozinho. Rudi fica desesperado e, através da namorada de sua filha ele descobre que há muito tempo atrás, o amor de Trudi por ele a fez deixar de lado uma vida que ela sempre quis viver (dançarina de Butô).
Atormentado por isso, Rudi vai ao Japão, na época do festival das cerejeiras, e ao mesmo tempo vai de encontro ao Monte Fuji, local onde a mulher sempre quis ir, certo de que, ao seu modo, sua mulher estaria com ele durante todo o momento.
Evidentemente o filme não é "só isso". Aprendemos coisas importantes. Com o amor, por exemplo, devemos cuidar sempre, e dá-lo a chance de florir e quando isso ocorrer, saber apreciá-lo, pois nem sempre sabemos o quanto durará.
O tema central do filme talvez seja a transitoriedade das coisas. Da vida, das pessoas... dos momentos especiais. Há uma linda história, um romance, marcado todo o tempo por momentos intensos. Intensos, mas na sua maioria breves. Talvez daí venha o título do filme, pois as flores de cerejeiras são uma das coisas mais lindas que podemos ter o prazer de ver, mas ocorrem apenas uma ou no máximo duas vezes por ano. É por isso que os japoneses se sentam sob as cerejeiras em flor, pois estas ficam maravilhosamente belas quando estão floridas, porém há dor pelo fato de que este período de floração é curto.
A trilha sonora dá um ritmo todo especial ao filme. Músicas instrumentais (principalmente da cultura japonesa - e quem já leu mais alguma outra coisa minha desse blog saberá o meu gosto quanto à cultura nipônica). As melodias são leves, sutis, singelas, predominando os instrumentos simples: harpas, teclados, flautas... tudo diametralmente ao rock n'roll
O filme não foi muito divulgado no Brasil. Eu mesmo o conheci por acaso, durante minhas compras na Livraria Cultura. Estava procurando algum filme bom (como os que só lá eu consigo encontrar) e me deparei com ele. É uma tendência natural nossa (ou só minha, sabe-se lá!) tender a evitar o desconhecido. Naquele dia eu estava procurando algum dos filmes que eu já ouvira falar, de algum diretor já conhecido (Polanski, Almodóvar, Felini, Lars Von Trier, etc.) e me deparo com este, totalmente desconhecido para mim, da até então também desconhecida diretora alemã Doris Dörrie.
Doris Dörrie nasceu em Hannover, Alemanha, em 1955. Estudou Cinema na Califórnia, em Nova York, e em Munique. Nos anos 1970, realizou diversos documentários e também foi crítica de cinema para alguns jornais. Seu filme de estréia foi Straight Through the Heart (1983).
Eu sempre me considerei autodidata quanto à meus singelos conhecimentos 'extra curriculares'. E sinto uma tremenda felicidade quando consigo descobrir, sozinho (sem indicações) um filme como esses...
Assistam o trailer,
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Quem puder assistir, faça!