Traduzido diretamente do japonês, O lago conta a história do professor Ginpei, atingido pela peculiar obsessão por seguir as mulheres bonitas com que se depara nas ruas. Ele argumenta que, se não o fizesse, esses encontros fortuitos não passariam de episódios efêmeros. Será isso, no entanto, o que move o personagem? Ginpei tem um problema muito particular com o aspecto de seu corpo: seria esse outro fator inconsciente de sua insistente procura por beleza?
Contudo, não há inocência nas mulheres escolhidas. Enquanto o protagonista caminha angustiado atrás de uma aluna desafiadora ou de uma beldade que passeia lépida com seu cão, ou até quando, no encalço da amante de um velho rico, é golpeado com uma bolsa cheia de dinheiro, Kawabata não se furta a apresentar os inusitados sentimentos de suas vítimas, tornando a narrativa muitas vezes perturbadora. Essa perseguição de mulheres geralmente jovens ou muito jovens, levada às últimas consequências, conduz o personagem de volta a traumas remotos. O passado retorna, por vezes de forma alucinatória, e não permite trégua à sua mente confusa.
Movido por sentimentos de culpa e desejo, Ginpei é bem diferente dos outros personagens do Prêmio Nobel de 1968: o viés contemplativo se subverte em uma natureza épica e doentia. Errante e insólito, ele se esvai em delírios dostoievskianos enquanto se torna cada vez mais excluído socialmente. Torna-se o anti-herói na contramão de um Japão em plena recuperação pós-guerra e na euforia do milagre econômico que se anunciava.
Contudo, não há inocência nas mulheres escolhidas. Enquanto o protagonista caminha angustiado atrás de uma aluna desafiadora ou de uma beldade que passeia lépida com seu cão, ou até quando, no encalço da amante de um velho rico, é golpeado com uma bolsa cheia de dinheiro, Kawabata não se furta a apresentar os inusitados sentimentos de suas vítimas, tornando a narrativa muitas vezes perturbadora. Essa perseguição de mulheres geralmente jovens ou muito jovens, levada às últimas consequências, conduz o personagem de volta a traumas remotos. O passado retorna, por vezes de forma alucinatória, e não permite trégua à sua mente confusa.
Movido por sentimentos de culpa e desejo, Ginpei é bem diferente dos outros personagens do Prêmio Nobel de 1968: o viés contemplativo se subverte em uma natureza épica e doentia. Errante e insólito, ele se esvai em delírios dostoievskianos enquanto se torna cada vez mais excluído socialmente. Torna-se o anti-herói na contramão de um Japão em plena recuperação pós-guerra e na euforia do milagre econômico que se anunciava.
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