Como matéria prima de seus livros, suas memórias, o universo inteiro de José Lins do Rego chega até nós por meio de seus romances regionalistas.
"Fiz livro de memória com a matéria retida pela engrenagem que a natureza me deu. Pode ser que me escape a legitimidade de um nome ou de uma data, mas me ficou a realidade do acontecido como um grão na terra. A sorte está em que a semente não apodreça na cova..."
Ao ler uma obra memorialista de Zé Lins (Menino de engenho, Meus Verdes Anos, por exemplo) não me foge da cabeça o seguinte pensamento: E se José Lins não tivesse se tornado escritor ou ao menos não tivesse retratato sua infância no engenho, teríamos perdido um universo inteiro de informações, personagens, cultura e uma parte importantíssima da história do Brasil.
O que me fica na cabeça é a figura de seu avô, dono do Engenho do Corredor. Há quem diga que a partir dele surgiu sua vontade de ser escritor. Contar a história do seu avô.
"Olhava eu o meu avô como se fosse ele o próprio engenho. A grandeza da terra era sua grandeza. Não poderia haver nada que não fosse do meu avô."
Talvez o que me ligue bastante a esse universo da cana-de-açúcar seja um pouco da minha infância. Também passei boa parte de minha infância numa fazenda no interior, fazenda essa de cana-de-açúcar. Uma figura paterna que sempre me vem em mente era o "Seu Franci", meu avô.
Não há como não se sentir emocionado ao ler seus livros, ao sentir-se um pouquinho transportado ao interior, passando como "uma temporada de férias" junto com o menino Carlos de Melo.
Um mundo inteiro em seus livros. Presença absoluta em meu palácio de memórias.
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