sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Toca do Coelho

[Uma vez me perguntaram o que eu tinha como felicidade. E me lembrei que tal conceito fora para mim mudando com o passar do tempo. Dependendo sempre de onde e como estivesse. Ou do que necessitasse ou quisesse. Ou ainda, de quem eu gostaria que estivesse sempre ao meu lado.

No entanto eu lembro que nesta mesma época ainda morava na casa de meus pais. E o que mais desejava era chegar a casa e não ter problema algum. Nenhuma dificuldade, todas as contas estivesse em dia, a geladeira e a dispensa abastecidas. E que todos debaixo daquele teto estivessem bem, com saúde e tudo mais que se tem direito.

Eu sinceramente desejava muito que chegasse esse dia de gloria. Pedia a Deus que no exato momento em que passasse pela porta da sala, toda a escuridão do mundo ficasse do lado de fora. Eu esperava com tanta ansiedade que ao entrar na casa eles estivessem felizes e comemorando alguma coisa. Ou simplesmente apenas felizes. Como se apenas felicidade já não fosse o bastante. Eu queria muito ver minha a mãe sorrindo, meu pai menos cansado, minha irmã menos nas nuvens e mais na terra. Até meu irmão poderia está lá com eles, rindo e se divertindo, até as minhas custas se fosse o caso.

Hoje olhando para trás, talvez eles nunca tenham pensando que sempre lhes desejei isso, por ser sempre tão estrangeira tão tangente a vida deles, mas isso nunca fora verdade. Na hora da necessidade o sangue chama, ouvi isso em algum lugar. E sempre que por mim chamaram, lá estava eu. Eu queria realmente que eles fossem felizes. Com ou sem mim.

Mas, o dia de glória nunca chegou. Minhas preces a Deus foram em vão. A dispensa continuou vazia, a geladeira também. Minha mãe fora vencida pela tristeza e meu pai pelo cansaço. Meus irmãos conheceram o mundo e se perderam dentro dele.

E um dia eu abri a porta de casa e não havia ninguém mais lá. Nem eles e nem eu].

Cláudio Alving

Nenhum comentário: