segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sonhos, de Akira Kurosawa


Amigos, creio que já é do conhecimento de todos que um dos meus cineastas favoritos é o japonês Akira Kurosawa. Não sei bem o motivo, mas creio que seja por que sempre tive uma quedinha pelo antigo Japão tradicional, não o atual (o Pop). Eu sempre tive uma tendência a ser meio melancólico e o que seria mais tradicional e melancólico do que as antigas vilas dos samurais, a cultura milenar dos japoneses, a tradicional cerimônia do chá, (etc, etc.)?

Kurosawa influenciou uma série de diretores no ocidente (Coppola, Spielberg, Scorsese, George Lucas, entre outros). Para os mais estudiosos da história do Cinema, ele não foi o melhor cineasta do Japão, mas sem dúvida é o mais conhecido entre nós, principalmente por conta de seus filmes de samurai.

Nesse final de semana acabei de assistir o filme Sonhos (1990). Adianto logo que o filme não comenta nada sobre samurais, pois trata-se de breves episódios (ou sonhos) que abrangem diversos temas. O que mesmo assim não me desapontou em nada.




O filme é extremamente bonito. Acho que essa é a palavra correta a ser usada. Bela fotografia, excelentes cenários, figurino, trilha sonora... Creio que para aqueles que possuem uma alma sensível (e me arrisco até a dizer, um mínimo de bom gosto) é bem provável que após assistir Sonhos você não seja mais o mesmo.

Exagero? Acho que não. 

Lendas do folclore japonês (Um raio de sol através da chuva e A tempestade) O perigo e as consequências que o homem está sujeito ao horror radioativo (Monte fuji em vermelho e Demônio que chora). A destruição da natureza (O Jardim das pessegueiras), a tragédia da honra militar e os soldados que se recusam a aceitar sua morte (O túnel). A beleza das paisagens que serviram de inspiração para o pintor holandês Vicent Van Gogh (Corvos). A utopia de uma pequena vila que vive como os homens de antigamente, sem tecnologia, apenas em harmonia com a natureza (O vilarejo dos moinhos).

Assistam, não há mais o que dizer. Um filme que precisa ser apreciado não só com os olhos, mas também com o coração.


Um comentário:

Unknown disse...

Boa tarde Jardel! No final de 2012, como requisito para me formar na pós-graduação do Instituto Junguiano da Bahia (IJBA), fiz uma monografia justamente sobre esse filme, "Sonhos". Analiso o impacto do shintô e do zen budismo na religiosidade nipônica e como isso relaciona com os simbolismos do filme, além de certos detalhes biográficos da vida do diretor. Faço também relações arquetípicas com outras culturas, que vão desde os contos de fadas europeus até os nossos orixás.

Se tiver interesse em ler o meu trabalho e trocar uma ideia depois, vai aqui o link pro download: http://www.academia.edu/4248750/_Vi_um_Sonho_Assim_os_Sonhos_de_Kurosawa_interpretados_pela_Psicologia_Analitica