domingo, 18 de maio de 2008

Ponto final





Eu deixarei que morra em mim
o desejo de amar seus olhos
que são doces...
porque nada te poderei dar
senão a mágoa de me veres exausto...
no entanto a tua presença
é qualquer coisa,
como a luz e a vida...
e eu sinto que em meu gesto
existe o teu gesto...
e em minha voz, a tua voz...
não te quero ter,
pois em meu ser tudo
estaria terminado...
quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados...
para que eu possa levar uma gota de
orvalho nesta terra amaldiçoada...
que ficou em minha carne
como uma nódoa do passado...
eu deixarei...
tu irás...
e encostarás tua face em outra face...
teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada...
mas tu não saberás
que quem te colheu fui eu...
porque eu fui
o grande íntimo da noite...
porque eu encostei
minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa...
porque os meus dedos
enlaçaram os dedos da névoa
suspensos no espaço...
e eu trouxe até mim
a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.

Autor desconhecido

Nenhum comentário: