Em Contos da lua vaga (ou simplesmente Ugetsu, como no título original ), do cineasta Mizoguchi, encontramos um filme maravilhoso, lírico, quase poético, por assim dizer. A união do que eu mais gosto na cultura japonesa: história, lendas, costumes de um japão distante, tradicional e cada vez mais esquecido (me arrisco a dizer) pelos próprios japoneses, em troca da chamada cultura pop.
Através do encontro do real com o imaginário o Mizoguchi trata de temas como amor, ambição, honra, família e responsabilidade para com os que dependem de nós. Todos esses temas nos surgem através por meio de quatro personagens principais: o pobre e ganancioso oleiro Genjuro, que sonha em fazer fortuna com seu pequeno negócio de cerâmicas e seu vizinho (supostamente seu cunhado) Tobei, um homem que sonha tornar-se samurai para poder sentir-se honrado e respeitável em sua vila.
A história se passa no século 16, durante uma guerra civil no Japão, e percebemos, ao correr do filme, o que cada um deles (e por que não dizer cada um de nós, seres humanos) são capazes de fazer para realizar seus / nossos sonhos. Os homens tolos e suas mulheres sofridas dessa história passam por diversas transformações (em sua maioria violentas) causadas pelo sobrenatural e o real.
Contos da lua Vaga é um filme, de certa forma, perturbador e belo. Mais belo do que perturbador. Ter um pouco de sensibilidade e assistir um filme como este pode muito bem nos fazer pensar em que caminho o nosso cinema está indo. Mais explosões, sexo, sangue e carros desgovernados do que uma beleza realmente natural, lírica (adoro esta palavra)... sensível!
Assistir um filme desses sem dúvida e como estar admirando uma verdadeira obra de arte, é como estar na presença da grandeza. Me faz sentir-me honrado e humilde.
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