terça-feira, 16 de julho de 2013

Consolo na praia


Vamos, não chores…
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-se – de vez – nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 15 de julho de 2013

domingo, 14 de julho de 2013

Um dia só de Vinícius!

1 - Receita de Mulher:



2- Onde anda você:


3- Garota de Ipanema:


4- Canto de Ossanha:


5- Tarde em Itapuã:






quinta-feira, 11 de julho de 2013

A carta anônima que jamais enviarei.


Prezada amiga,

Vim acompanhando com bastante curiosidade - e à distancia, é verdade - sua rotina diária: A maneira com que manipula o computador, como corta papel, como atende ao telefone ou como ajuda um cliente.

É certo que o ambiente é um dos mais agradáveis possíveis e que com certeza lhe permitirá o contato com as pessoas mais inusitadas - e se me permite a ousadia... pessoas como eu.

Não posso negar o prazer que tenho ao tomar um cappuccino enquanto lhe observo. Nem mesmo as páginas do meu livro, ao qual peguei emprestado para simular meu disfarce, conseguem me ajudar. O livro aberto e meus olhos presos em você. O agradável cheiro de minha bebida cafeinada se confunde com o prazer de minha visão. 


Sei que falando assim eu pareço um dos mais temíveis personagens, mas minhas intenções são inocentes e inofensivas, lhe garanto. Quais são elas? Bem... você tem o direito de saber, é evidente. Mas não sei se você me entenderia. Obviamente não se trata de nenhum amor platônico ou muito menos as observações de um tarado-sexual-obssessivo. Por favor, não me julgue tão duramente, nem tudo na vida é binário.

Outro dia conversamos no caixa sobre o livro que eu estava comprando (O Lago, Yasunari Kawabata). Foi breve, só o tempo suficiente para a máquina processar o meu débito em conta. Sua simpatia comigo foi cativante. Estava somente sendo educada com um cliente? Provavelmente sim, mas lembrei do seu sorriso ao término de cada capítulo do livro.

Não quero me alongar por muito mais tempo, já que temo estar sendo enfadonho, mas admito que  estou curioso para ver sua reação ao ler estas palavras. Você deixará a carta sutilmente sobre a mesa enquanto levanta seus olhos em busca de mim? Mostrará à alguma amiga próxima, pedindo sua opinião? Mudará de emprego com medo de estar sendo seguida? Rsrsrsrs.. garanto que a última hipótese não será necessária.

Fico por aqui, e caso queira me conhecer e tomarmos um café enquanto conversamos sobre o que quer que seja, ou esteja apenas curiosa para ver o meu rosto, vá sexta-feira com o cabelo preso com o prendedor que lhe envio junto a este bilhete. Pensei em um prendedor preto, mas creio que amarelo ficaria muito mais visível à distância, se é que me entende. 

Ciao,

Seu amigo,

O Leitor

sábado, 6 de julho de 2013

Aqueles momentos...

... tão Hannibal.



Quem nunca?