domingo, 25 de setembro de 2011

Mizoguchi e os Contos da lua Vaga



Em Contos da lua vaga (ou simplesmente Ugetsu, como no título original ), do cineasta Mizoguchi,  encontramos um filme maravilhoso, lírico, quase poético, por assim dizer. A união do que eu mais gosto na cultura japonesa: história, lendas, costumes de um japão distante, tradicional e cada vez mais esquecido (me arrisco a dizer) pelos próprios japoneses, em troca da chamada cultura pop.

Através do encontro do real com o imaginário o Mizoguchi trata de temas como amor, ambição, honra, família e responsabilidade para com os que dependem de nós. Todos esses temas nos surgem através por meio de quatro personagens principais: o pobre e ganancioso oleiro Genjuro, que sonha em fazer  fortuna com seu pequeno negócio de cerâmicas e seu vizinho (supostamente seu cunhado) Tobei, um homem que sonha tornar-se samurai para poder sentir-se honrado e respeitável em sua vila.

A história se passa no século 16, durante uma guerra civil no Japão, e percebemos, ao correr do filme, o que cada um deles (e por que não dizer cada um de nós, seres humanos) são capazes de fazer para realizar seus / nossos sonhos. Os homens tolos e suas mulheres sofridas dessa história passam por diversas transformações (em sua maioria violentas) causadas pelo sobrenatural e o real.

 
Contos da lua Vaga é um filme, de certa forma, perturbador e belo. Mais belo do que perturbador. Ter um pouco de sensibilidade e assistir um filme como este pode muito bem nos fazer pensar em que caminho o nosso cinema está indo. Mais explosões, sexo, sangue e carros desgovernados do que uma beleza realmente natural, lírica (adoro esta palavra)... sensível!

Assistir um filme desses sem dúvida e como estar admirando uma verdadeira obra de arte, é como estar na presença da grandeza. Me faz sentir-me honrado e humilde.

sábado, 24 de setembro de 2011

As Ilhas da Corrente - Ernest Hemingway



Em As Ilhas da Corrente temos mais uma amostra do que foi o fenômeno Ernest Hemingway. O livro relata a história de Thomas Hudson e suas suas aventuras e experiências como pintor e em diversas atividades anti-submarinas (Segunda Guerra Mundial) no litoral de Cuba.

Solitário, Hudson perde sua família em um trágico acidente e reflete sobre o fim de seu relacionamento com sua ex-esposa - Tudo isso enquanto pinta, pesca e navega em suas missões. Thomas Hudson tem muito do próprio Hemingway - barbas brancas, preciador de bebidas, amante do mar e vivendo em um auto-exílio.

O livro é dividido em três partes: Bimini, Cuba e No mar

Na primeira parte, em Bimini, conhecemos alguns detalhes de sua rotina solitária como pintor. Recebe a visita dos filhos e de sua ex-mulher. Um fato interessante é que, apesar de ser uma pequena visita, Hudson não se envolve tanto com os filhos, pois sabe que logo eles irão embora e ele voltará a ficar só,  tendo que depois reacostumar-se com a solidão do lugar. Mas isso não o impede de aprender e ensinar muito a seus filhos. Nessa primeira parte temos, ainda, um longo duelo entre o homem (seu filho) com um peixe extraordinário - o que não nos deixa de relembrar outro sucesso do autor, o Velho e o Mar.

Já na segunda e terceira parte, Hudson está em Cuba, durante a Segunda Guerra. Mesmo lidando com suas tragédias pessoais, suas atividades secretas combatendo e perseguindo submarinos inimigos (alemães), ele segue sempre em frente, tendo em vista sempre o dever

"Meta isso na cachola. O filho, você perde. O amor, também. A honra, há muito tempo que se foi. O dever, você faz."


E como em toda obra verdadeiramente Hemingwayniana, temos ainda o uso de frases curtas, com impacto, sem exageros de descrições as vezes desnecessárias (apesar de os cenários serem dos mais paradisíacos).


Impossível não gostar. Eu pelo menos adorei - e recomendo!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A morte de um grande escritor


Há cerca de quarenta e um anos (Novembro de 1970) que o escritor japonês Yukio Mishima morreu. E pode-se afirmar que de todas as mortes de escritores ocorridas no século 20 a sua foi a mais impressionante: Mishima e quatro companheiros invadiram um quartel em Tóquio, fizeram de prisioneiro um alto comandante e  o líder, Yukio, fez um discurso patriótico aos soldados para persuadi-los a  restituírem o poder do imperador, reduzidos pela tropas americanas em ocupação. E disse que ia suicidar-se caso não fosse atendido. Porém, como era de se esperar, os militares não o levaram a sério: Mishima cometeu suicídio na frente de todos (o trdicional Hara Kiri - suicídio japonês na época dos samurais).


Na tradição japonesa o Hara Kiri, ou seppuku, é algo heróico - visto até com bons olhos por alguns. Trata-se do indivíduo corta o próprio abdômen com uma navalha (geralmente uma espada). Mas não é só isso, há todo um ritual: o tipo certo de roupa, um ou dois goles de saquê, dois poemas para se despedir da vida, etc.

Yukio mostrava uma verdadeira e doentia obsessão pela morte: praticava culturismo e era mestre na arte espadachim dos Samurai, como maneira de adiar a velhice. Gostava também de se auto-fotografar, simulando suicídio. Essas fotos eram tidas como treino para sua morte (à maneira samurai).


Quando o pai de Mishima percebeu que o filho iria ser realmente um escritor ordenou que o filho fosse o melhor. Com 24 anos, seu livro Confissões de uma Máscara foi um sucesso absoluto.


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Frase do dia - Murakami

 
"Se apenas leres os livros que toda a gente lê, apenas podes pensar o mesmo que os outros estão a pensar."- Haruki Murakami

terça-feira, 13 de setembro de 2011

1001 Filmes pra ver antes de Morrer

Nesse fim de semana comprei, juntamente com uma dezena de outros livros, o famoso 1001 FILMES PARA VER ANTES DE MORRER - da coleção 1001 "alguma coisa". No caso dos "1001 Filmes", trata-se de uma árdua pesquisa feita por cerca de 50 críticos onde elegeram os 1001 melhores filmes. As obras são de mais de 30 países.

Na lista é possível encontrar filmes de todos os gêneros: comédia, romance, cult, terror, suspense, documentários, dramas, aventura, musical, ficção... enfim, filmes para todos os gostos.

Esse livro, elencado por ordem cronológica, pode e deve ser utilizado (sem dó nem piedade, por assim dizer) para dar uma boa noção sobre a história do cinema. Ou aprofundar seus conhecimentos sobre determinados filmes. Bem, pode então, na pior das hipóteses, servir apenas para saber se um filme é bom ou não, antes de assisti-lo. No meu caso, é um guia seguro (por assim dizer) do que eu devo assistir nas minhas noites livres.

Claro que não faltará pessoas, cinéfilos especializados, que certamente não concordarão com alguns títulos. Sem problema, afinal a lista não foi preenchida por mim nem por eles, mas por gente que, supostamente, também entende do assunto (não que eu entenda).

Ao conferir o índice, tive a surpresa de descobrir que dos 1001 eu só assisti 71 deles, o que seria um pouco mais de 7,1% da lista. Bem, isso significa que eu tenho uma árdua tarefa pela frente, caso eu queira assistir a todos, um dia. É claro que eu já assisti bem mais do que 71 filmes, mas certamente eles não estavam entre "os melhores". (admito que fiquei muito feliz em descobrir que na lista não constava nenhum "American Pie" ou "Velozes e furiosos" ou nenhum do gênero - vocês entendem que tipo de filme eu quero dizer!)

Aos cinéfilos de plantão, vai a sugestão de um site extremamente bom, que eu uso e abuso sempre que posso, é o Cinema Cultura - hoje site, depois que o falecido blog foi cruelmente (covardemente) assassinado por forças ainda desconhecidas. Aproveito a oportunidade para agradecer, do fundo do coração, pelos idealizadores do site. Sem eles certamente eu não teria conseguido atingir nem a margem dos 71 filmes.

domingo, 11 de setembro de 2011

The Falling Man - 11 de Setembro




Hoje fazem precisamente dez anos do atentado terrorista ao World Trade Center.  É totalmente desnecessário narrar o episódio: é do conhecimento de todos, além de já estar em todos os livros de história recentes.

Apesar de fazer tanto tempo (ou pouco, se levarmos em conta que foi um fato histórico), essa catástrofe ainda gera comentários: foi realmente o terrorista Osama Bin Laden o autor do ataque? Ou teria sido um ataque auto-infligido? - Justificando a ocupação militar norte-americana no oriente médio? A primeira hipótese é a mais aceita, em bora a segunda não seja totalmente descartada.

Aviões se chocando nos edifícios, nuvens de fumaça formando um verdadeiro "paredão" nos céus, pessoas gritando, gravações amadoras dos ataques, ambulâncias e carros de bombeiros em todas as direções, colapso estrutural das torres (uma após a outra)... tudo isso me vem em mente quando ouço falar no 11 DE SETEMBRO.

Mas, e quem lembra daquele anônimo, se jogando de uma das torres, em queda livre, tentando salvar-se das chamas, embora sabendo da morte certa ao cair? Certamente ele não foi o único - infelizmente houve um suicídio (pode-se dizer assim, embora talvez o contexto não o classifique assim) em massa naquele dia. Os corpos pareciam cair como chuva (talvez seja um exagero meu). Estima-se que mais de 200 pessoas teriam se matado (ou apenas caíram) naquele dia.

Mas aquele anônimo de quem eu falo, o conhecido "The Falling Man" (foto no topo dessa postagem, tirada por algum jornalista) é que não passou despercebido no meio de todos os que caiam. - Trágico: o homem mostra uma "serenidade" marcante e uma determinação quase anormal ao cair. Teria desmaiado? Teria, ao cair, tipo algum ataque cardíaco e chegado à óbito antes mesmo de colidir com o solo? Quem sabe...

Em 2009 foi criado um documentário chamado "9/11 - The Falling Man". No documentário, disponível para download na internet ou apenas para visualização no youtube, é retratado o lado mais "humano" das vítimas. Não posso falar muito já que ainda não assisti, mas li a respeito que no curta não há apelos a sensacionalismos baratos (tão comuns quando se trata do tema).


Eu me lembro que no dia do ataque (11 de setembro de 2001) eu estava ainda no colégio, saindo da aula. Quando cheguei em casa, todos os canais estavam mostrando o ocorrido. Todos em casa pareciam petrificados, mas eu como ainda era pequeno e não tinha muita "noção" do que estava acontecendo, achei tudo aquilo trágico, mas exagerado. Por que TODOS OS CANAIS estavam passando aquilo? E por que por tanto tempo? Fiquei chateado porque o meu programa havia sido cancelado, em virtude dos "n" plantões de reportagem, com as "últimas novidades".

E é isso. Presenciei um fato (pela mídia, não pessoalmente. Mas isso seria presenciar?) histórico. Não me sinto necessariamente orgulhoso, mas poderei dizer aos meus filhos: "eu me lembro quando aconteceu. Todos os canais de televisão..."

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Intelectual e o artista

 
“As pessoas enganam-se sempre em duas coisas sobre mim: pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque os meus filmes perdem sempre dinheiro).” - Woody Allen

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Lições de Negócios - O Poderoso Chefão

Encontrei esse pequeno resumo na internet de como se dar bem no mundo dos negócios - do ponto de vista da família Corleone. Achei fantástico!