domingo, 13 de setembro de 2009

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Desejo


Atingir o desejado e desistir...
Quem pode saber se o que eu quero é tudo? Ou é mais alguma coisa?
Preciso de algo... agora... então...

Me dê teu cabelo... teu cheiro, teu corpo!
Me dê um pouco de ti, que já estou ficando louco!
Preciso de ti, mas só pra saciar-me... apenas isso. E não me julgue por nada disso!
Te quero por algumas horas, poucas, é verdade... mas não posso, não devo possuí-la.

Mas talvez em meus pensamentos... ai sim pode ser minha e eu não serei seu!
Não quero ser seu, e acho que nem quero você pra mim. É só emprestado.
Por algumas poucas horas, é verdade, mas mesmo assim quero.

Você já foi minha e nem sabe disso... nem nunca saberá!
E disso não precisa se envergonhar, muito menos se orgulhar...
Meus propósitos não são nada nobres, disso tenha certeza.

Apenas saiba... sou teu.

Julien Sorel

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Academia Brasileira de Letras


A instituição remonta ao final do século XIX, quando escritores e intelectuais brasileiros desejaram criar uma academia nacional, nos moldes da Academia francesa.

A iniciativa foi tomada por Lúcio de Mendonça, concretizada em reuniões preparatórias que se iniciaram em 15 de dezembro de 1896, sob a presidência de Machado de Assis (eleito por aclamação), na redação da Revista Brasileira. Nessas reuniões foram aprovados os Estatutos da Academia Brasileira de Letras, compondo-se o seu quadro de 40 membros fundadores.

Sem possuir sede própria nem recursos financeiros, as reuniões da Academia foram realizadas nas dependências do antigo Ginásio Nacional, no Salão Nobre do Ministério do Interior, no salão do Real Gabinete Português de Leitura, sobretudo para as sessões solenes. As sessões comuns sucediam-se no escritório de advocacia do Primeiro Secretário, Rodrigo Octávio.

A partir de 1904, a Academia obteve a ala esquerda do Silogeu Brasileiro, um prédio governamental que abrigava outras instituições culturais, onde se manteve até à conquista da sua sede própria.

Em 1923, graças à iniciativa de seu presidente à época, Afrânio Peixoto, e do então embaixador da França, Raymond Conty, o governo francês doou à Academia o prédio do Pavilhão Francês, edificado para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, uma réplica do Petit Trianon de Versalhes, erguido pelo arquiteto Ange-Jacques Gabriel.

Essas instalações encontram-se tombadas pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC), da Secretaria Estadual de Cultura, desde 1987. Os seus salões funcionam até aos dias de hoje abrigando as reuniões regulares, as sessões solenes comemorativas, as sessões de posse dos novos acadêmicos, assim como para o tradicional chá das quintas-feiras. Podem ser conhecidas pelo público em visitas guiadas, ou em programas culturais como concertos de música de câmara, lançamento de livros dos membros, ciclos de conferências e peças de teatro.

A Academia tem por fim, segundo os seus estatutos, a "cultura da língua nacional", sendo composta por quarenta membros efetivos e perpétuos, conhecidos como "imortais", escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário, e vinte sócios correspondentes estrangeiros.

À semelhança da Academia francesa, o cargo de "imortal" é vitalício, o que é expresso pelo lema "Ad immortalitem", e a sucessão dá-se apenas pela morte do ocupante da cadeira. Formalizadas as candidaturas, os acadêmicos, em sessão ordinária, manifestam a vontade de receber o novo confrade, através do voto secreto.

Os eleitos tomam posse em sessão solene, nas quais todos os membros vestem o fardão da Academia, de cor verde-escura com bordados de ouro que representam os louros, complementado por chapéu de veludo preto com plumas brancas. Nesse momento, o novo membro pronuncia um discurso, onde tradicionalmente se evoca o seu antecessor e os demais ocupantes da cadeira para a qual foi eleito. Em seguida, assina o livro de posse e recebe das mãos de dois outros imortais o colar e o diploma; a espada é entregue pelo decano, o acadêmico mais antigo. A cerimônia prossegue com um discurso de recepção, proferido por um confrade, referindo os méritos do novo membro.

Instituição tradicionalmente masculina, a partir de 4 de novembro de 1977, aceitou como membro Rachel de Queiroz, para quem foi desenhada uma versão feminina do tradicional fardão: um vestido longo de crepe francês verde-escuro, com folhas de louro bordadas em fio de ouro.

Para cada uma das quarenta cadeiras, os fundadores escolheram os respectivos patronos, homenageando personalidades que marcaram as letras e a cultura brasileira, antes da fundação da Academia.

Foi uma inovação. A Academia francesa, que servira de modelo, instituíra as Cadeiras, mas atendendo apenas a uma numeração de 1 até 40. A escolha desses Patronos deu-se de forma um tanto aleatória, com sugestões sendo feitas pelos próprios Imortais.

Quem gostaria de saber um pouco mais sobre a ABL, eu recomendo um livro interessante do Jô Soares, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. O livro se passa pelo Rio de Janeiro dos anos 20, mostrando algumas detalhes e curiosidades, na época, sobre a Casa de Machado de Assis. O livro não é o melhor do mundo, mas você não vai perder tempo lendo-o. E para aqueles que não se interessarem pela Academia, o livro também é um romance cômico-policial razoável.